Alguns fatos e momentos que demonstram o quanto o esporte é apaixonante


O esporte é um dos assuntos mais comentados em todo o mundo e para quem vê de fora isso pode causar certa estranheza. O esporte move a paixão e torna a emoção das pessoas mais forte, impactante e principalmente visível. Muitos não entendem e dizem frases como ‘São apenas 22 homens ou mulheres correndo atrás de uma bola’ e ‘Só o Brasil para por conta do esporte ou do futebol em uma Copa do Mundo’ ou até mesmo ‘Não entendo como vocês se importam tanto com o esporte. Vocês não ganham nada com isso’. São inúmeras as frases, no entanto precisamos entender os motivos que levam a toda essa paixão.

O que é essa paixão e porque muitas pessoas possuem esse sentimento? O famoso dramaturgo e jornalista brasileiro, Nelson Rodrigues, foi muito conhecido por suas crônicas esportivas que mesclavam alguns comentários sobre esporte, com muita literatura e uma visão realista do Brasil na época de seus escritos. Foi ele quem notabilizou o Brasil como a ‘Pátria de Chuteiras’, em seus textos ele falava sobre o amor pelo esporte e os motivos que o faziam acreditar que o jogador de futebol brasileiro é muito melhor que os europeus. 

Outro jornalista e amante do esporte, com destaque para o futebol foi Armando Nogueira. Ele também ficou muito famoso por contribuir para a criação do Globo Repórter e Jornal Nacional, mas o destaque maior sempre ficou para as suas crônicas esportivas. Em suas falas e textos, Armando realçava essa paixão pelo esporte de forma sublime e cativante, e uma das mais belas frases foi a seguinte: "O esporte é uma das mais ricas manifestações de vida que eu conheço. Contém todas as virtudes e todos os pecados da criatura humana, dos mais sublimes aos mais subalternos”, disse Armando em uma de suas crônicas, reforçando mais uma vez a sua visão da relevância do esporte.

A paixão empregada no esporte já construiu vários fatos relevantes e um deles, eu me lembro muito bem, foi a cerimônia de abertura dos Jogos Olímpicos de Inverno de 2018, realizados em PyeongChang, na Coréia do Sul. Os jogos tiveram um momento histórico, quando Coréia do Norte e Coréia do Sul desfilaram juntas e com uma bandeira única, representando a península onde os dois países estão situados. A competição contou inclusive com uma equipe de hóquei no gelo feminino que representou a Coréia. As duas Coreias estão em uma guerra declarada desde 1950 e esse fato demonstra a força de união que o esporte pode promover.

Agora eu volto a uma frase destacada no início desse texto: 'Somente o Brasil para por esporte ou por uma Copa do Mundo’. Essa frase está redondamente equivocada, tanto que 16 de novembro de 2017 foi declarado feriado no Peru. Tá, mas como isso está relacionado ao esporte? A relação é total, uma vez que o feriado só foi declarado devido a classificação dos ‘Incas’ para a Copa do Mundo da Rússia de 2018, classificação essa que havia ocorrido no dia anterior e que encerrava uma longa espera de 36 anos.

Eu poderia mencionar aqui também outro fato relacionado a Copa do Mundo de 2018, quando o Panamá se classificou pela primeira vez ao mundial e ainda na noite da classificação o presidente decretou feriado no país para o dia seguinte. Toda a campanha panamenha naquele mundial foi histórica e reuniu elementos ricos em paixão. Tudo começou com o choro do capitão Román Torres durante o hino na estreia contra a Bélgica, mesmo jogo e hino que fizeram narradores locais irem às lágrimas, ou o que falar da grande comemoração do gol de Baloy, aos 32 minutos do segundo tempo do jogo contra a Inglaterra (detalhe o jogo já estava 06 x 00 para os ingleses). Na Copa do Mundo o Panamá foi derrotado pela Bélgica (03 x 00), Inglaterra (06 x 01) e Tunísia (02 x 01) e mesmo assim o retorno dos jogadores ao país contou com desfile em carro aberto e uma multidão para receber os seus heróis. Fatos como esses servem para demonstrar as dimensões que o futebol e o esporte como um todo podem proporcionar.

Eu poderia citar muitos momentos e situações que reforçam e demonstram todas as emoções que o esporte pode proporcionar, mas o texto ficaria muito grande. Por isso, vou concluir com um exemplo próprio e que também ratifica toda essa narrativa. 

Lembro-me das Olimpíadas do Rio de Janeiro, em 2016. Recordo que acompanhei pela TV atentamente a todas as modalidades, inclusive aquelas que não gosto tanto ou que não acompanho com regularidade e confesso que foi um desses esportes que mais me emocionou. O esporte em questão foi a Ginástica Artística.

A emoção veio pelas duas medalhas do Brasil na disputa do solo masculino. Diego Hypólito e Arthur Nory foram prata e bronze, respectivamente. A emoção foi grande por tudo o que o destino promoveu para esses dois atletas naquele dia. Nory, o medalhista de bronze nem estaria na final, só entrou porque o Japão classificou mais do que o limite de dois atletas para a decisão, o que abriu um lugar para o brasileiro. Na final Arthur fez uma grande apresentação e contou com alguns erros dos favoritos para conquistar a sua medalha.

Ainda tem a história de Hypólito que chegou como favorito em 2008 e 2012 e falhou nas duas oportunidades, caindo de cara no chão em uma delas. Em 2016 ele não era mais o grande favorito, o ouro parecia um sonho distante e até mesmo a conquista de uma medalha já não era vista como algo tão simples, mas desta vez ele fez uma ótima apresentação, seus principais rivais falharam e finalmente veio a sonhada medalha olímpica. Ver a superação de um atleta que viveu o auge, caiu, errou, mas que ainda assim persistiu e conquistou o seu objetivo foi apaixonante e me arrepiou e com certeza deve ter marcado muita gente que ama o esporte.

Citei alguns momentos esportivos e essa situação que eu vivi para recordar e demonstrar como o esporte é em sua natureza, dedicação, talento, trabalho, persistência e principalmente paixão. Essa será a essência dos textos que serão publicados aqui neste espaço. Aqui a emoção colocada em prática no esporte estará em evidência.

* As informações contidas nos artigos de colunistas, não necessáriamente, expressam a opinião do Toledo News.

Kelvin Polasso

Kelvin Polasso é jornalista, formado em 2018 no Campus de Toledo do Centro Universitário FAG. Atualmente cursa marketing no Centro Universitário Uningá. No momento atua na área jornalística e tem experiência na cobertura de eventos esportivos em Toledo e no Paraná. Kelvin não esconde o seu amor, paixão e entusiasmo quando fala sobre esporte e também deixa evidente que torce pelo Grêmio, mas podem ficar tranquilos que quando houver alguma análise a sua ‘alma castelhana’ não irá pesar.

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