Sim, Senhor, tu sabes que eu te amo! Apascenta as minhas ovelhas!


Foto: Toledo News

O Evangelho deste 3º Domingo da Páscoa (01º) de maio coloca os discípulos junto ao lago de Tiberíades (Jo 21,1-19). Depois da morte de Jesus, eles retornaram para a vida que tinham antes. Voltaram a ser pescadores de homens. Neste contexto Jesus aparece para eles justamente no momento em em que fracassam durante uma noite de pesca. Jesus lhes prepara algo para comer e, neste momento, o discípulo o reconhece como o Ressuscitado: “é o Senhor”! Eles deverão aprender que a missão da Igreja é guiada pelo Espírito do Ressuscitado. O toque teológico de São João ao relatar o fato diz tudo: “era manhã e renascia de novo a esperança perdida”.

O simbolismo da pesca está presente em todos os evangelhos e torna-se símbolo da atividade apostólica, a missão da Igreja. O resultado da pescaria, depois da ordem de Jesus, é magnífico: 153 grandes peixes, uma quantidade enorme que faz referência à universalidade da missão evangelizadora. É só a partir do reconhecimento do Ressuscitado que o agir missionário será frutífero. O evangelista quer afirmar que podemos colocar todas as nossas forças na tentativa de mudar o mundo; mas se Cristo não estiver presente, se não escutarmos a sua voz, se não ouvirmos as suas propostas, se não estivermos atentos à Palavra que Ele continuamente nos dirige, os nossos esforços serão sem sentidos e não produzirão frutos duradouros. A missão da Igreja nasce aos pés da cruz e ela não é medida pelo sucesso e nem mesmo pela utilização de grandes meios. Não se vence quando se conquista o sucesso, mas quando se é fiel, quando, ao final, podemos cantar um hino de ação de graças, pois cumprimos nosso dever.

Em seguida, Jesus se dirige a Pedro para reforçar o seu papel na liderança da continuidade da obra de Jesus. Aquele que negou Jesus três vezes é agora convidado por três vezes a manifestar sua adesão a Jesus para receber a missão de pastor. Jesus recorda a fragilidade de Pedro, porém afirma que confia n’Ele. Ser apóstolo (=enviado) implica em estar consciente da necessidade da contínua conversão. 

De ora diante, Pedro deve representar na Igreja e para a Igreja a presença do Ressuscitado, daquele que deu a vida pelas ovelhas, que morreu e agora vive para sempre. Pedro é aquele que torna visível o amor com que Jesus amou sua esposa. As ovelhas sentirão o quanto são amadas por Jesus através de Pedro. 

A missão de Pedro continua em nosso Papa Francisco, que procura incessantemente recordar o amor de Jesus pela sua Igreja, de modo especial, pelos mais frágeis e nos convida a fazer o mesmo. Ele é o “vigário” de Cristo. Sua função é se deixar conduzir pelo Espírito Santo e unir todos os carismas e ministérios na edificação do único corpo de Cristo, a Igreja. Pedro como Francisco continuam sendo homens frágeis como todo mundo. Jesus os chama e os envia como sinais do Reino de Deus a ser construído. Este é o estilo de Deus que realiza suas maravilhas através de pessoas comuns para nos comunicar que o poder vem d’Ele e deve voltar para Ele. Este é cuidado que deve acompanhar cada atividade que exercemos em nome da Igreja de Cristo como discípulos missionários.

Dom João Carlos Seneme, css

Bispo de Toledo

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Dom João Carlos Seneme

Dom João Carlos Seneme é bispo da Diocese de Toledo. Novos conteúdos são publicados semanalmente.

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