Case de sucesso de Toledo é exposto pela Funtec em festival internacional

O Parque Ney Braga Eventos, em Londrina, sediou, entre quinta e sexta-feira (27 e 28/11) da semana passada, o Festival Internacional de Inovação de Londrina (Fill). Entre as discussões que movimentaram o segundo dia, destacou-se o painel “Descomplicando Políticas Públicas de Inovação”, que evidenciou as experiências de Toledo e Ibiporã.
Mediado pela advogada Renata Queiroz, o debate reuniu a diretora-executiva da Fundação para o Desenvolvimento Sustentável, Científico e Tecnológico de Toledo (Funtec), Tatiany Barbiero, e o prefeito de Ibiporã, José Maria Ferreira. Antes de passar a palavra aos convidados, Renata, derrubou dois mitos: “Se o poder público não atrapalhar, ele já ajuda” e “inovação é coisa para cidade grande”.
Segundo ela, essas são as frases que mais escuta ao prestar consultoria a governos. “Estamos aqui justamente para mostrar que isso não é verdade. O município pode, sim, fomentar inovação e pode fazer isso com instrumentos simples e acessíveis”, pontuou.
Funtec
Em sua fala, Tatiany apresentou o percurso de Toledo com o Contrato Público de Solução Inovadora (CPSI), considerado hoje uma referência no Paraná. “É uma honra compartilhar a nossa trajetória. Sempre tivemos inovação muito presente na rotina do município, mas inovar no setor público é muito difícil quando você não pode comprar nada que envolva risco tecnológico”, disse.
A diretora-executiva explicou que Toledo iniciou na modalidade em 2022, com o apoio do Serviço Brasileiro de Apoio à Micro e Pequena Empresa (Sebrae/PR), que auxiliou o município na preparação conceitual e na compreensão do instrumento. “Antes usávamos apenas a licitação convencional, cujas especificações precisam ser detalhadas para o produto pronto. A CPSI, que também é um tipo de licitação, permitiu adquirir uma solução cuja especificação não está definida, ou seja, uma solução em desenvolvimento ou validação”, relatou.
A construção desse caminho, no entanto, não foi simples. “O primeiro passo foi levantar nossas demandas. Reunimos todas as secretarias e chegamos a 14 necessidades, e 12 tinham base tecnológica”, contou.
Articulação
Depois de filtrar a viabilidade, chegaram a cinco possibilidades e escolheram uma, levando em conta um desafio decisivo: o orçamento. “Essa é a primeira dica que deixo. Sem entender o orçamento disponível, a CPSI não caminha”, afirmou.
Outro ponto-chave foi a articulação interna. “A segunda dica é simples: articulação, articulação e articulação. Muitas áreas estão envolvidas: jurídico, compras, secretarias. Se quem participa não entende seu papel, o processo emperra”, destacou.
Tatiany reforçou que o mérito da execução não é apenas do instrumento jurídico, mas principalmente das pessoas envolvidas. “Tivemos uma equipe de servidores muito comprometida. Eles fizeram acontecer. Sem essa postura colaborativa, a CPSI simplesmente não sairia do papel.”
Com o edital pronto (elaborado sem referências prévias, já que o município não dispunha de modelos como o Catalisa Gov na época), Toledo recebeu oito inscrições de startups. “Divulgamos nacionalmente porque queríamos a maior diversidade possível de soluções”, explicou Tatiany.
Três propostas foram consideradas aderentes ao problema e uma foi selecionada para a prova de conceito (POC). “Soluções já prontas, de prateleira, não servem para CPSI. Se a startup tem algo 100% pronto, não é inovação e não tem risco tecnológico. Portanto, não se enquadra”, disse.
Ibiporã
Na sequência, o prefeito José Maria Ferreira apresentou a visão de Ibiporã, destacando que políticas públicas de inovação dependem de estratégia, articulação e constância. Ele afirmou que a experiência de Toledo contribui para orientar outros gestores que buscam inserir inovação no cotidiano administrativo. “Inovar não é um ato isolado, é um processo organizado. Os municípios não podem ter medo de testar caminhos novos”, frisou. “O que Tatiany apresentou aqui mostra que dá para fazer, mesmo em cidades médias. O que falta muitas vezes não é recurso, mas decisão política e capacidade de articulação”, avaliou.
O prefeito defendeu ainda que municípios se apoiem mutuamente. “O desenvolvimento regional depende de iniciativas conjuntas. Se uma cidade avança, o território avança”, comentou.
Solução para todos
O painel reforçou que inovação pública não é prerrogativa de grandes capitais. Além de ampliar eficiência e economia, instrumentos como o CPSI permitem soluções mais próximas das necessidades reais da população.
A mediadora reforçou o recado dos convidados: a inovação é possível quando há método, intenção e continuidade. “Estamos falando de instrumentos legais acessíveis e que não exigem grandes estruturas. O que exige é vontade de fazer”, sublinhou.
O evento
O Fill 2025 foi promovido pela Estação 43, com correalização do Sebrae/PR e da Associação Brasileira de Tecnologia, Inovação e Comunicação (Abratic). A programação contou ainda com apoio do Governo do Estado, por meio das secretarias da Inovação e Inteligência Artificial (Seia), Turismo (Setu), Ciência, Tecnologia e Ensino Superior (Seti) e da Fundação Araucária.















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