Sagrada Família de Nazaré, rogai por nós


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No primeiro domingo depois do Natal, a Igreja volta o olhar para a Sagrada Família de Nazaré e nos convida a contemplar o modo simples e profundo com que Deus quis entrar na história humana. Jesus, Maria e José têm um traço comum que sustenta toda a sua vida familiar, a obediência confiante à vontade de Deus. Não se trata de uma obediência passiva, mas de uma adesão livre, amadurecida na escuta e na fé.

José é apresentado como homem justo, atento à voz de Deus e pronto a agir conforme lhe foi revelado. Ele não busca explicações excessivas nem garantias humanas. Confia, arrisca, protege, caminha. Maria, serva fiel, acolhe a Palavra e a deixa frutificar em sua vida. Seu sim não é apenas um momento, mas um estilo de vida marcado pela disponibilidade total ao projeto de Deus. Jesus, o Filho, aprende na carne da história humana a viver na confiança do Pai, colocando-se inteiramente em suas mãos para que a vontade divina se realize.

O Evangelho da infância não pretende narrar detalhes biográficos, mas anunciar quem é Jesus e despertar a fé. Ao situar o Menino no Templo, entre os mestres da Lei, o texto nos mostra que Ele cresce em sabedoria e graça, e já manifesta uma profunda intimidade com o Pai. A admiração diante de sua inteligência revela que ali está alguém que escuta, pergunta, dialoga e se deixa conduzir pela busca sincera da verdade.

A família de Nazaré nos chama a atenção por sua unidade e solidariedade. Diante do perigo, não se divide. Diante da ameaça, não recua. Enfrenta o deserto, o exílio e a insegurança para proteger a vida confiada por Deus. É uma família onde o amor vai até o fim, supera o egoísmo e se faz dom concreto. É uma família que escuta a Palavra, discerne os sinais de Deus e procura realizar fielmente os seus projetos, mesmo quando eles passam pela cruz do cotidiano.

José assume com coragem a missão de guardião. Sua justiça se manifesta na escuta, no discernimento e na obediência. Ele arrisca os seus planos, sacrifica os seus sonhos e coloca a sua vida a serviço do plano salvador de Deus. Nele aprendemos que proteger a família é também cooperar com a obra divina.

À luz da Sagrada Família, os esposos cristãos são chamados a reconhecer a grandeza de sua vocação. Pelo sacramento do matrimônio, tornam-se sinal visível do amor de Cristo por sua Igreja. Escolhem amar como Cristo ama, com fidelidade, entrega e perseverança. A família cristã, como igreja doméstica, participa da missão evangelizadora, tornando o lar um espaço de fé, comunhão e esperança.

A família, pequena igreja, é chamada a ser comunhão viva. No amor vivido no cotidiano, os seus membros encontram um caminho de salvação. Rejeitar a família é rejeitar o projeto de Deus, que quis nascer, crescer e amar no seio de uma família humana. É na família que o ser humano aprende a amar, a confiar, a doar-se e a acolher o outro.

Simeão e Ana representam todos os que sabem esperar. Com um olhar purificado pela fé, reconhecem na fragilidade de uma criança a presença salvadora de Deus. Por isso podem partir em paz, pois viram a luz que ilumina todas as nações. Também nós somos convidados a acolher o Menino Deus em nossa vida, em nossas famílias e em nossa história, renovando a esperança e confiando que Deus continua realizando sua salvação no meio de nós.

Dom João Carlos Seneme, css

Bispo de Toledo

* As informações contidas nos artigos de colunistas, não necessáriamente, expressam a opinião do Toledo News.

Dom João Carlos Seneme

Dom João Carlos Seneme é bispo da Diocese de Toledo. Novos conteúdos são publicados semanalmente.

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