Debate sobre a inclusão de PCD ocupa papel central em evento da Secretaria de Desenvolvimento Humano


Foto: Divulgação
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A Secretaria de Desenvolvimento Humano e Social: Infância, Juventude, Pessoa Idosa e Família (SDHS), por meio da Coordenação de Políticas para Pessoas com Deficiência (PCD), realizou nesta quarta-feira (3) o Seminário “Pessoas com Deficiência em sua Pluralidade: Construindo diálogos”, no Auditório Acary Oliveira, anexo ao Paço Municipal Alcides Donin. O encontro teve atividades nos períodos da manhã e da tarde e reuniu pessoas com deficiência, familiares e profissionais que atuam diretamente no atendimento a esse público.

De acordo com a coordenadora de Políticas para Pessoas com Deficiência da SDHS, Tânia Bilato, o seminário, realizado exatamente no Dia Internacional da Pessoa com Deficiência, buscou ir além de uma atividade formal, ao propor um espaço real de escuta e de troca de experiências capaz de qualificar o atendimento às pessoas com deficiência. “Nosso objetivo é ampliar o debate e fortalecer práticas de atendimento mais humanas, acessíveis e verdadeiramente empáticas”, pontua. “Também queremos sensibilizar e capacitar as equipes para relações baseadas na dignidade, no respeito às diferenças e na inclusão qualificada”, acrescenta.

Atividades

A programação abriu com uma apresentação musical da bacharel em Direito e aluna de teclado da Casa da Cultura, Jane Casemiro do Prado, que possui deficiência visual. Logo após a abertura oficial do evento, foi realizada a dinâmica de sensibilização “Três formas de ver o mundo”, que simulou, de forma orientada e segura, situações vividas cotidianamente por pessoas com deficiência.

Ainda pela manhã, os participantes acompanharam a palestra “Pessoas com deficiência e suas interseccionalidades”, conduzida por Marcia Staudt e Josenei Godoi de Medeiros. Marcia é pedagoga formada pela Universidade do Oeste Paulista (Unoeste) e especialista em Educação Especial e Gestão Escolar pelo Centro Universitário Católico do Sudoeste do Paraná (Unics). Josenei, pesquisador transdisciplinar e neurodivergente, é mestre em Ciências e Tecnologias Espaciais pelo Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA) e graduado em Engenharia de Controle e Automação pela Faculdade de Tecnologia São Francisco (Fatesf).

No período da tarde, o público conferiu a exposição de trabalhos artísticos produzidos por pessoas com deficiência, incluindo pinturas, estatuetas, desenhos e poesias. A assistente em desenvolvimento social Cleonice Dumke apresentou três histórias que integram o projeto “Sementes da Inclusão”, realizado em parceria entre a SDHS e a Secretaria da Cultura, com foco na promoção de práticas inclusivas e de acolhimento nas escolas municipais.

A programação seguiu com a palestra “Conhecer para Incluir: Entendendo as diferenças entre doenças, deficiências e neurodivergências”. O assunto foi abordado pelo médico especialista em Saúde da Família e Comunidade, professor universitário e servidor público municipal, André Luiz Batista, que também é mestre e doutorando em Bioética.

O seminário foi encerrado com a roda de conversa “A Voz da Pessoa com Deficiência”, reunindo Breno Johann, Gabriel Bilato, Ronaldo Luiz Scaliot e Lucildo Teodoro. Eles compartilharam vivências e percepções sobre desafios e avanços no cotidiano de pessoas com deficiência, reforçando a ideia de que políticas públicas inclusivas se constroem a partir da participação direta de quem vive essa realidade.

Abertura

A abertura oficial do Seminário “Pessoas com Deficiência em sua Pluralidade: Construindo diálogos” contou com a participação de várias autoridades e lideranças. Entre elas, o prefeito Mario Costenaro; a vereadora Professora Marli, que falou em nome da Câmara Municipal; o promotor José Roberto Moreira, representante do Ministério Público; a titular da SDHS, Sheila Maria Rodrigues Delava; e o presidente do Conselho Municipal dos Direitos da Pessoa com Deficiência (CMPCD), Junior Rasbolt.

Mario Costenaro, a exemplo das demais autoridades que se pronunciaram, fez uma autodescrição e avaliou que a inclusão depende de um processo contínuo, sustentado por reflexão, participação e responsabilidade de todos os setores, destacando que o debate precisa ser fortalecido para gerar mudanças reais. “Avançamos em alguns aspectos, mas ainda há muito para fazer; é essencial ouvir, refletir e agir para que o processo de inclusão se reafirme a cada momento”, analisou o prefeito. “Debates como este devem ser cada vez mais fortalecidos, porque só eles permitem transformar consciência em ação concreta”, complementou.

Em outra parte de sua fala, o chefe do Executivo Municipal reforçou que a construção de uma cidade inclusiva exige envolvimento conjunto do poder público, da iniciativa privada e das próprias pessoas com deficiência, em um movimento que reconheça a dignidade de todos os cidadãos. “Nós todos construímos esta cidade e dela merecemos receber aquilo que o seu desenvolvimento lhe proporciona”, declarou. “Seguiremos avançando no ritmo possível, mas sem deixar de avançar, mesmo que passo a passo”, completou.

Professora Marli ressaltou que o desafio das autoridades não está apenas na intenção de atender bem às pessoas com deficiência, mas na construção de mecanismos mais eficientes e participativos, capazes de ampliar a inclusão. “O que nós temos que debater é de que forma conseguiremos fazer isso de maneira a ser mais eficiente e isso se faz trazendo estas pessoas para o debate, e este seminário é um dos caminhos”, observou a vereadora, que alertou para os prejuízos causados pela subnotificação no Censo, observando que a omissão de informações dificulta o planejamento e provoca sobrecarga em escolas, unidades de saúde e espaços de esporte e cultura, locais onde muitas vezes se identifica o transtorno do espectro autista e a Síndrome de Down. “Com dados precisos, é possível tomar as melhores decisões e executá-las de forma planejada”, salientou.

Segundo José Roberto, a construção de políticas públicas para pessoas com deficiência exige permanente aprendizado, sensibilização e escuta qualificada, lembrando que ninguém nasce sabendo e que conhecer novas realidades transforma a forma como se enxerga o mundo. “Às vezes partimos do pressuposto errado de que todo mundo sabe tudo, e por isso certas políticas não são implantadas; muitas vezes as pessoas precisam ser ensinadas e sensibilizadas”, comentou o promotor. “Eventos como este são fundamentais porque promovem troca de ideias, permitem ouvir quem vive as demandas e revelam necessidades que nem sempre percebemos”, ponderou.

Sheila enfatizou que o seminário marca um momento especial de reflexão sobre como a inclusão precisa ultrapassar estruturas físicas e se materializar no cotidiano das instituições. “Quando nós falamos em deficiência, falamos muito além de uma rampa ou de ter um intérprete de Libras [Língua Brasileira de Sinais]; isso vai além, está no nosso dia a dia, no cuidado com a acessibilidade nos ambientes que frequentamos”, frisou a secretária. “Devemos sair deste seminário olhando de outro jeito os lugares e contextos onde estamos inseridos, verificando se neles há condições para que todos tenham acesso e se a inclusão está acontecendo com qualidade”, conclamou.

Junior apresentou sua manifestação em Língua Brasileira de Sinais (Libras), enquanto uma das intérpretes do evento traduziu sua fala ao público ouvinte. Em sua mensagem, ele enfatizou que a formulação de políticas públicas não pode ocorrer sem a participação direta das pessoas com deficiência, cuja experiência é essencial para orientar decisões e garantir que as ações se tornem efetivas.

Ao longo da tradução, a intérprete destacou duas ideias centrais expressas pelo presidente do CMPCD: “Políticas públicas para pessoas com deficiência não podem ser elaboradas, em hipótese alguma, sem a participação destas pessoas no processo”, transmitiu. “Sem essa escuta, as ações não se tornam efetivas, e este seminário é um meio importante para fortalecer essa participação”, assinalou.

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