Toma a sua cruz e caminha comigo, então será meu discípulo


Foto: Toledo News

No Evangelho deste domingo (04) de ssetembro continuamos caminhando com Jesus em
direção a Jerusalém. Esta grande viagem revelará o amor do Filho ao Pai e a
toda humanidade: “Foi obediente até a morte e morte de cruz”.
 

O Evangelho (Lc 14,25-33) mostra que uma grande multidão acompanha Jesus,
mas nem todos o seguem literalmente. A cruz assusta e intimida por isso Jesus
faz um discurso apontando as coordenadas do “caminho do discípulo”: é um
caminho em que o “Reino” deve ter a primazia sobre as pessoas que amamos,
nossos bens, nossos próprios interesses e esquemas pessoais. Palavras duras
que revelam que diante de Jesus as multidões, os discípulos, cada um de nós
hoje devem tomar uma decisão e conhecer as facilidades e dificuldades de ser
um verdadeiro cristão.
 

Em forma de parábolas, Jesus delineia o caminho do discípulo do Reino: nada
nem ninguém pode nos impedir de aderir ao Reino de Deus: laços familiares,
bens e inclusive a própria vida! Difícil, não é? Por isso o exemplo da construção
da torre que exige cálculos e projetos. Do mesmo modo, o rei que se põe em
batalha. Jesus parece estar dizendo que, antes de querer segui-lo, é preciso
examinar se se é capaz de ir até as últimas consequências. Ser cristão não é um
privilégio, trata-se de uma responsabilidade. Não é questão de abandonar
família, bens ou a própria vida, mas dar-lhes o devido valor e lugar. Somos
frágeis e finitos, a qualquer momento podemos faltar. Diante do momento
definitivo somente a bondade de Deus poderá nos socorrer.
 

Mesmo correndo o risco de ficar sozinho, como realmente aconteceu na cruz,
Jesus não ameniza as exigências do verdadeiro discípulo. Ele não está
preocupado com números. Nós, ao contrário, às vezes, estamos mais
interessados que as estatísticas da paróquia apresentem um grande número de
batizados, de casamentos, de crismas, de comunhões, do que propor, com
exigência, a radicalidade do Evangelho e dos valores de Jesus.
 

A leitura do Evangelho deste domingo deve ser vista à luz do que refletimos
domingo passado, isto é, a parábola dos convidados ao banquete do Reino: há
lugar para todos, de modo especial para aqueles que não poderão retribuir o
convite. Outra passagem que nos vem à mente é a do sal que perdeu o sabor:
ela nos fala do discípulo que perdeu o encantamento pelo seguimento, deixou
o fervor de lado e se tornou morno ou insípido e agora caminha sem vontade e
vigor.
 

Podemos concluir esta reflexão com uma oração: “Jesus, estamos um pouco
apavorados por aquilo que nos disseste hoje. Nosso espírito está pronto, mas
nossa carne é fraca. Nosso espírito sabe que se pedes coisas é porque queres
doar-nos outras muito maiores. Sustenta a fraqueza de nossa vontade; inflama
nosso desejo por aquelas coisas grandes que reservas para nós. Queremos viver
voltados para os bens eternos” (Frei Raniero Cantalamessa, ofm).

Iniciamos o mês da Bíblia. O contato com a Palavra de Deus renova o desejo de
seguir os passos de Jesus e se tornar verdadeiro discípulo missionário. O livro
de estudo do mês da Bíblia 2022 é o livro de Josué, que lidera a caminhada do
povo de Israel e sua instalação na terra prometida. Deus caminha com seu povo
e suscita líderes que realizem sua promessa e aliança.
 

Dom João Carlos Seneme, css
Bispo de Toledo

* As informações contidas nos artigos de colunistas, não necessáriamente, expressam a opinião do Toledo News.

Dom João Carlos Seneme

Dom João Carlos Seneme é bispo da Diocese de Toledo. Novos conteúdos são publicados semanalmente.

Últimas notícias