Ao verem de novo a estrela, os magos sentiram uma alegria muito grande


Foto: Toledo News

Neste domingo (08) celebramos a solenidade da epifania, manifestação do Senhor Jesus, que as leituras celebram como a festa da universalidade e dos horizontes ilimitados. É a festa dos que estão distantes, que nós não conhecemos. A notícia que nos alegra é que os distantes se aproximarão atraídos ao centro ao qual tudo gravita: o Reino de Deus.
 

A luz brilhou para nós, a luz da eternidade, que é Jesus. Nele, não há mais trevas. Ele é a estrela que ilumina todos. Na noite de Natal, junto do presépio, celebramos a revelação do amor de Deus por nós. Hoje, junto deste mesmo presépio, celebramos o amor que se abre à humanidade acolhendo todos os homens e mulheres.
 

No Evangelho (Mt 2, 1-12) o tema dos que estão longe retorna através dos magos que representam todos os povos da terra que esperam ansiosamente a chegada do Salvador. Eles buscam e estão atentos aos sinais da chegada do Messias. Não são acomodados, saem de sua terra procurando com esperança; reconhecem o Salvador na fragilidade de uma criança, Jesus, Deus-salva, e o aceitam e o reverenciam com presentes. A salvação rejeitada pelos habitantes de Jerusalém se torna agora um dom que Deus oferece a todos que o buscam sem cessar.
 

Podemos notar a referência a uma estrela “especial” que apareceu no céu e que conduziu os magos até Belém. Nesta catequese sobre Jesus, o evangelista Mateus o apresenta Jesus o Messias esperado por todos aqueles que têm esperança e denuncia os que rejeitam Deus e seu projeto salvador. O Povo de Israel rejeita Jesus, enquanto os “magos” do oriente (que são pagãos) o adoram; Herodes e Jerusalém “ficam perturbados” diante da notícia do nascimento do menino e planejam a sua morte, enquanto os pagãos sentem uma grande alegria e reconhecem em Jesus o seu salvador.
 

Mateus preanuncia, desta forma, que diante de Jesus haverá reações diversas, que vão desde a adoração (os magos), até à rejeição total (Herodes), passando pela indiferença (os sacerdotes e os escribas: nenhum deles se preocupou em ir ao encontro desse Messias que eles conheciam bem nos textos sagrados). Os magos, orientados pela estrela e atentos ao que acontece ao seu redor porque buscam o Salvador, tornam-se exemplos de discípulos. Olhando a estrela eles encontram Deus encarnado. A inclinação diante do menino é o ato de reconhecimento e submissão ao Rei, não somente dos judeus, mas de toda a terra. Os presentes oferecidos são a confissão da fé de todos os povos na divindade, na realeza e no sacerdócio do Verbo que assumiu a nossa humanidade. Aquele menino é o Senhor verdadeiro. Lucas expressa esta verdade através do anúncio dos anjos, enquanto Mateus o relaciona com este belo e dramático relato da visita dos reis magos. A humanidade precisa urgentemente se dirigir ao centro que une todos os desejos e buscas: o Reino de Deus.
 

A obra da reconciliação de Cristo é vista por Paulo como uma obra de paz entre os que estão próximos e os que estão distantes. A Igreja primitiva os dois grupos necessitados de reconciliação eram bem identificados, mas a paz não diz respeito somente aos judeus-cristãos e aos pagãos-cristãos. Mateus e Paulo oferecem um modelo válido ainda hoje, para indivíduos e famílias, grupos e igrejas, raças e nações... Todos são chamados a caminhar juntos, porque a paz é o único lugar onde se pode encontrar o Emanuel, Deus-conosco.

Dom João Carlos Seneme,

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Bispo de Toledo

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Dom João Carlos Seneme

Dom João Carlos Seneme é bispo da Diocese de Toledo. Novos conteúdos são publicados semanalmente.

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