Eu sou o bom Pastor, eu dou a vida pelas minhas ovelhas


Foto: Toledo News

Nos primeiros domingos da Páscoa, a ressurreição nos é apresentada a partir do impacto que o evento, profetizado por Jesus, afetou a vida dos discípulos e a nossa vida hoje. Lentamente, a luz da ressureição é revelada através do “discípulo amado”, de Tomás e dos discípulos de Emaús. Hoje, no 4º Domingo da Páscoa, a compreensão do mistério da ressurreição é enriquecida com o tema do Bom Pastor aplicado a Jesus: o crucificado e ressuscitado, é o bom pastor e a porta que conduz as ovelhas a um lugar seguro e à vida eterna.

Jesus não é somente o Bom Pastor como qualidade pessoal, mas é também o modelo, único e verdadeiro, e a fonte de quem aceitou a vocação de ser enviado (apóstolo) por Ele. Jesus quis partilhar o seu ser pastor com muitos de seus discípulos, colocando a vida a serviço dos outros. É por isso que a Igreja institui o Dia Mundial de Oração pelas Vocações ao ministério eclesial neste Domingo do Bom Pastor.

Apesar da fragilidade dos pastores, Deus continua sustentando e garantindo a promessa feita através do profeta Jeremias: “Dar-vos-ei pastores segundo o meu coração, que vos guiarão com sabedoria e inteligência” (Jr 03,14). Hoje Deus continua a chamar e qualificar os homens escolhidos para que sejam “pastores segundo o seu coração”, sustentando e enriquecendo a vida espiritual da comunidade eclesial. Peçamos, pois, incansavelmente, ao Senhor para que a imagem do pastor crucificado e
ressuscitado se reflita na vida dos ministros da Igreja, e que nossos pastores atinjam cada vez mais a difícil, livre e corajosa fidelidade a que são chamados.

A ressurreição dá a Jesus a oportunidade de voltar a caminhar à nossa frente e de nos transmitir a força da vida regenerada pelo amor crucificado. Como ressuscitado, Ele nos guia, cuida de nós e nos garante um futuro novo. A paixão e a morte o tornaram sensível a situações de dor e cansaço: “Chama as suas ovelhas, cada uma pelo nome”, e “caminha à frente delas”. Aqui, porém, sobressai o perigo constante de nos tornarmos ovelhas errantes ou de ficarmos desorientados e sem verdadeira direção.

Devemos ter presente a possível existência dos falsos “pastores”. Não é por acaso que Jesus contrasta o bom pastor com a tríade negativa de ladrões, salteadores e forasteiros. Há pastores que, mesmo que consigam se aproximar das ovelhas, na verdade acabam deixando-as ainda mais dispersas e desorientadas. O único critério de autenticidade pastoral é o da “porta”: “Eu sou a porta das ovelhas” (Jo 10, 07). Para ser pastor é preciso passar por aquela porta. Tudo o que fazemos na Igreja – sacerdotes, diáconos, catequistas, educadores, bispos, religiosos e religiosas – só é verdadeiro se o é realizado por Cristo. Só Ele é o caminho e só Ele é a porta. A “porta é estreita”, mas é a única passagem que se abre para a comunhão plena e serviço sincero aos outros.

Hoje é um dia especial para rezamos expressando gratidão ao Senhor pelos muitos bons pastores que nos são dados hoje. O Papa Francisco sugere que neste dia das vocações digamos: “Abre, Senhor, brechas no coração de cada fiel, para que cada um possa descobrir com gratidão o chamado que Deus lhe dirige, encontre a coragem de dizer ‘sim’, e, por fim, oferecer a própria vida como cântico de louvor. ‘Eu vim para que tenham vida e a tenham em abundância’ (Jo 10, 10). Nossa vocação é viver em plenitude espiritual, mesmo diante dos inúmeros desafios. Devemos renovar nossa fé e extinguir medos, incertezas e ansiedades. Mesmo que eu atravesse um vale escuro, não temerei mal algum, porque o Senhor está comigo”.

Dom João Carlos Seneme, css
Bispo da Diocese de Toledo

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Dom João Carlos Seneme

Dom João Carlos Seneme é bispo da Diocese de Toledo. Novos conteúdos são publicados semanalmente.

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