Jesus veio procurar e salvar o que estava perdido


Foto: Toledo News

Neste domingo, 30 de outubro, a Liturgia da Palavra se une em um tema que atravessa toda a Bíblia. A primeira leitura tirada do livro da Sabedoria (Sab 11,22-12,2) e o Evangelho de Lucas (19,1-10), com a história de Zaqueu, mostram que o extremo abismo que há entre nós e Deus, entre o céu e a terra desaparece pela ação misericordiosa de Deus. O homem não pode subir sozinho ao céu (ele tentou e fracassou como no episódio da torre de Babel). É o próprio Deus que atravessa o abismo porque ama a vida e não despreza nada de tudo o que criou.

A primeira observação que emerge do episódio do Evangelho nos é dada pelo contexto: antes do encontro com Zaqueu, Jesus, perto de Jericó, havia curado um cego morador de rua que estava sentado na calçada. Há uma relação entre o cego curado e o pecador arrependido. Trata-se da mesma missão: ir em busca e salvar quem está perdido! Trate-se do coração o Evangelho de Lucas. O fato de que Zaqueu seja descrito como chefe dos cobradores de impostos e muito rico revela que ninguém é excluído da salvação realizada por Jesus Cristo.

O Evangelho nos apresenta que há esperança para todos. O impossível acontece na vida de Zaqueu: “Hoje a salvação entrou na sua vida”. Zaqueu não perde a oportunidade que Deus lhe oferece; ele busca e é encontrado por Deus. Faz um esforço sobrenatural para ver Jesus: corre, sobe na árvore. Finalmente o seu sonho se realiza: Jesus olha para cima e vê Zaqueu. A alegria toma conta de sua vida e ele não desperdiça a graça de Deus que lhe é concedida. Fica de pé e diz ao Senhor: “Eu dou a metade dos meus bens aos pobres e, se defraudei alguém, vou devolver quatro vezes mais”. Jesus lhe diz: “Hoje a salvação entrou nesta casa”! Jesus cumpre a sua missão: “O Filho do homem veio procurar e salvar o que estava perdido”.

Todos nós somos Zaqueu. O caminho da fé nos coloca numa atitude de busca incessante. Não podemos parar, nosso andar deve ser iluminado constantemente para não errarmos o caminho que nos conduz ao Deus vivo. Para isto precisamos deixar de lado muitas coisas inúteis que podem atrapalhar este encontro. Olhos fixos em Jesus na direção do que é realmente essencial. Não existe receita pronta, existe esforço e vontade de encontrar o Senhor e, por causa d’Ele, largar tudo o que atrapalha e correr ao seu encontro.

A onipotência de Deus se manifesta no seu amor seguro e constante. Ele não se cansa de buscar as criaturas. Jesus procura Zaqueu, Zaqueu procura Jesus. Deus ama Zaqueu e sua misericórdia o transforma a tal ponto que ele muda a direção de sua vida e renuncia ao mais importante em sua vida: o dinheiro.

Jesus não espera a conversão de Zaqueu para acolhê-lo; Ele o ama, antes de tudo, e a gratuidade desse amor torna possível a conversão. Não existe aqui magia, mas disponibilidade e paciência de Jesus. Este é o momento certo e Zaqueu, que procura, é encontrado pelo amor de Deus manifestado em Jesus Cristo.

Zaqueu se torna um modelo da humanidade convertida, que se deixou encontrar por Deus e colocou todos os seus bens a serviço dos pobres. Um homem perdido foi encontrado e recuperou o sentido de sua vida.

Dom João Carlos Seneme, css

Bispo de Toledo

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Dom João Carlos Seneme

Dom João Carlos Seneme é bispo da Diocese de Toledo. Novos conteúdos são publicados semanalmente.

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