Rebaixamento do Grêmio é uma das maiores comprovações de incompetência da história do futebol brasileiro


Foto: Toledo News

O Grêmio Foot-Ball Porto Alegrense teve o seu rebaixamento para a Série B do Campeonato Brasileiro confirmado na noite da última quinta-feira, 09. Mas o rebaixamento do clube gaúcho foi construído durante toda a competição, uma vez que o clube passou 37 das 38 rodadas na zona do rebaixamento. O time entrou na degola na 2ª rodada e por lá ficou até o final do Brasileirão. 

Um time que fica o campeonato todo na zona de rebaixamento merece a queda e o Grêmio seguiu um roteiro para que o pior acontecesse. Mas o time gaúcho tem algumas questões particulares e que merecem estudo.

Quando vemos um clube grande caindo, observamos vários sinais de incompetência administrativa como dívidas, problemas estruturais, salários atrasados, briga política e muito mais. No entanto, o Grêmio cai com superavit (contas no azul), salários em dia, ótima estrutura e um cenário político tranquilo. O Grêmio paga em dia uma folha salarial de R$ 15 milhões, folha menor apenas que as de Flamengo, Palmeiras e Atlético-MG.

Tudo isso causa estranheza. Como um clube sem dívidas, com poder de investimento e que paga em dia chegou a essa situação? Bom, o setor administrativo e no que se refere a questões estruturais foi bem cuidado, mas o Grêmio esqueceu da profissionalização do departamento de futebol.

A diretoria que demonstra entender muito de administração e de finanças é completamente perdida na hora de cuidar do seu maior bem, o futebol. Em 2016 o ídolo Renato Gaúcho volta ao comando técnico do time e com ele vem ótimo futebol e conquistas importantes como a Copa do Brasil 2016; Copa Libertadores 2017; e Recopa Sul-americana 2018; além dos quatro títulos estaduais consecutivos; de duas Recopas Gaúchas e conquistas de turno em seu estado.

Renato já era referência e com as conquistas se tornou uma lenda ainda maior no clube e com isso a chave do departamento de futebol lhe foi dada. O ídolo máximo teve muitos erros, mas também teve os seus acertos, porém um time como o Grêmio não pode abandonar o setor de futebol como abandonou e deixar algo tão importante a cargo de apenas uma pessoa.

Em 2019 as coisas começaram a dar indícios de que estavam piorando. O time até chegou às semifinais da Libertadores e Copa do Brasil, mas foi eliminado em ambas, com destaque para a competição continental em que tomou 05 x 00 do Flamengo na partida de volta.

Em 2020 um ano ainda pior. Um Brasileirão cheio de empates, mas que ainda rendeu uma vaga na Pré-libertadores. Na competição sul-americana uma eliminação nas quartas de finais e com mais uma goleada, desta vez para o Santos. Uma Copa do Brasil fraca e mesmo assim o time chegou à final, mas fez duas péssimas partidas e perdeu a taça para o Palmeiras. Eram indícios do pior, mas que foram ignorados.

Em 2021 o ano já começou com uma vergonhosa eliminação na Pré-libertadores e a demissão de Renato Gaúcho e sem ele as poucas coisas boas sumiram e os erros se acumularam. 

Veio Thiago Nunes e com ele uma ótima fase de grupos da Copa Sul-americana e mais um título estadual com vitória sobre o Internacional. Tudo parecia bem, com as contratações de Rafinha e Douglas Costa, se desenhava ‘O Super Grêmio’ que logo mostrou que de Super não tinha nada.

O Brasileirão começou e com ele uma campanha desastrosa. Foram apenas 10 pontos nos 12 primeiros jogos e a primeira vitória somente na 12ª rodada. Thiago Nunes foi demitido e Felipão contratado com a esperança de que um ídolo pudesse novamente tirar o Grêmio do buraco.

O Grêmio até melhorou com Felipão, mas um estilo defensivo e com pouca criatividade não conseguiu tirar o Grêmio da zona de rebaixamento e foi eliminado da Copa Sul-americana. O treinador histórico foi demitido e veio a última cartada, Vagner Mancini.

Mancini não conseguiu engrenar, a equipe apresentou alguma melhora somente nos últimos jogos quando enfrentou vários times descompromissados e foi para o tudo ou nada. A melhora mais evidente foi vista nos últimos três jogos, mas já era tarde o Grêmio caiu com todo o seu gigantismo, estrutura, salários em dia, superavit e acima de tudo soberba.

A soberba da diretoria ficou ainda mais evidente após o rebaixamento. O presidente Romildo Bolzan Júnior chegou a dizer que o que aconteceu com o Grêmio foi um acidente e não se poderia fazer terra arrasada. Vagner Mancini e o vice-presidente de futebol Denis Abrahão chegaram a falar que o trabalho foi bom e está evoluindo.

A diretoria mantém a soberba e parece não entender os motivos que levaram à queda ou sequer compreenderam a gravidade do que aconteceu. Lembrando a direção que o Grêmio caiu e vai jogar a Série B em 2022, mas a incompetência é tamanha que ainda não entenderam o que levou a instituição a esse momento trágico e que muitas coisas precisam ser reformuladas.

Em apenas quatro anos o Grêmio foi do título da Libertadores ao rebaixamento. É até difícil explicar como tudo isso aconteceu e como um clube que era visto como exemplo de gestão deixou a situação chegar a esse ponto sem sequer pensar em um diagnóstico.

* As informações contidas nos artigos de colunistas, não necessáriamente, expressam a opinião do Toledo News.

Kelvin Polasso

Kelvin Polasso é jornalista, formado em 2018 no Campus de Toledo do Centro Universitário FAG. Atualmente cursa marketing no Centro Universitário Uningá. No momento atua na área jornalística e tem experiência na cobertura de eventos esportivos em Toledo e no Paraná. Kelvin não esconde o seu amor, paixão e entusiasmo quando fala sobre esporte e também deixa evidente que torce pelo Grêmio, mas podem ficar tranquilos que quando houver alguma análise a sua ‘alma castelhana’ não irá pesar.

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