Somente o samaritano voltou para dar glória a Deus


Foto: Toledo News

Nas leituras da liturgia deste domingo (09) nos deparamos com o tema da gratidão e da salvação. Naamã, o sírio, reconhece o poder e a grandeza do Deus de Israel quando é curado da lepra através da ação do profeta Eliseu. No evangelho (Lc 17,11-19) acompanhamos a ação de Jesus na cura de dez leprosos; somente um retorna para agradecer e reconhecer a ação de Deus.

A ele, Jesus diz: “Levanta-te e vai! Tua fé te salvou”. Ele era o único estrangeiro, samaritano, considerado pelos judeus homem sem fé e excluído da salvação. Este homem retornou a sua casa curado e experimentou a salvação.

O texto do Evangelho faz parte da viagem de Jesus a Jerusalém: “Aconteceu que, caminhando para Jerusalém, Jesus passava entre a Samaria e a Galileia”. No caminho Jesus encontra dez leprosos. Por causa do contágio, a “lepra” era considerada uma doença muito perigosa e sua cura muito difícil, tanto que era comparada à ressurreição dos mortos. Na segunda parte do relato São Lucas acentua o tema da salvação e o comportamento do homem para ser salvado.

Dez leprosos vêm ao encontro de Jesus e gritam pedindo que Deus tenha piedade deles. Os doentes reconhecem que a bondade de Deus se manifesta no comportamento de Jesus. Não podem se aproximar porque são considerados impuros. Vendo a situação deles, Jesus não demora, não exige nada. Quer simplesmente que eles recuperem a dignidade: “Ide apresentar-vos aos sacerdotes”! Era a forma de recuperar a vida e voltar ao convívio da comunidade. Enquanto caminham, ficam curados, “limpos” e aptos a viver em comunidade.

Nove deles só querem o reconhecimento das autoridades e voltar a viver. Somente um, o samaritano, retorna e agradece porque consegue ver Jesus como mediador da cura, reconhece nele o Salvador: “voltou louvando a Deus em alta voz e lançou-se por terra aos pés de Jesus, dando-lhe graças”. Todos os outros receberam a cura fisicamente, mas o samaritano vai além, recebe também o dom da fé e da salvação e agradece a Deus.

Em Jesus há algo extraordinário e o ex-leproso se torna um homem de fé; ele não fica preso ao milagre, mas inicia um relacionamento pessoal com Jesus e com o Deus da vida. O fundamento da salvação não está no poder de operar milagres. Todos os dez leprosos experimentaram o poder do milagre, mas somente “um deles”, um estrangeiro, samaritano, foi capaz de reconhecer um convite que o levará mais longe: à fé e à salvação. O estrangeiro é convidado a fazer parte do povo de Deus, o povo dos que foram curados, que reconhecem o Reino presente na pessoa de Jesus.

Logo após o relato dos 10 leprosos, São Lucas colocará nas bocas dos fariseus uma pergunta dirigida a Jesus: “Quando chegará o reino de Deus?”. Jesus responde: “A chegada do reinado de Deus não está sujeita a cálculos, nem dirão: Ei-lo aqui” Ei-lo ali! Porque está entre vós” (Lc 17, 20-21). Para Jesus os sinais da presença do Reino não são percebidos pelos olhos dos sentidos, mas pelos olhos da fé.

Dez leprosos viram o milagre, mas “somente um deles” deu glórias a Deus, reconhecendo com fé sua obra. A pergunta final de Jesus chega a cada um de nós: “Não foram 10 os curados? Onde estão os outros nove?”. É um convite para entrar na lógica de Deus como fez o estrangeiro da Samaria.

Finalmente fica o desafio de refletirmos se fazemos parte da “igreja dos nove” ou se somos capazes de voltar para agradecer e nos colocar aos pés do Filho de Deus e reconhecer nele o nosso Salvador.

Nossa Senhora Aparecida, rainha e padroeira do Brasil, abençoai a nossa Diocese!

Dom João Carlos Seneme, css
Bispo de Toledo

* As informações contidas nos artigos de colunistas, não necessáriamente, expressam a opinião do Toledo News.

Dom João Carlos Seneme

Dom João Carlos Seneme é bispo da Diocese de Toledo. Novos conteúdos são publicados semanalmente.

Últimas notícias