Deus acolhe a oração dos humildes


Foto: Toledo News

Neste domingo 23 de outubro continuamos refletindo sobre o tema da oração como caminho para a salvação (Lc 18,9-14). Jesus acentua que a salvação não é consequência da observância dos mandamentos, mas é um dom de Deus que exige de nós somente a fé. Na Sagrada Escritura somos colocados diante da avaliação de Deus que subverte os paramentos humanos: Ele acolhe os pecadores, escolhe os mais fracos (Davi) e despede os orgulhos de mãos vazias (Maria). 

A parábola do fariseu e do publicano nos levam a refletir sobre o inquietante aspecto da vida da fé que interroga toda tentativa de aparência construída pela sabedoria humana. “Meus caminhos não são os vossos caminhos, os meus pensamentos não são os vossos pensamentos” (Is 55,8).

Jesus inicia o Evangelho acentuando os destinatários da parábola: é para aqueles que confiavam na sua própria justiça e desprezavam os outros. Mais uma vez temos personagens diferentes e distantes entre si; os dois vão ao templo para rezar. O fariseu se revela um observante escrupuloso da Lei e das regras da oração israelita: deve ser feita em pé, em voz baixa e elevando a Deus uma oração de ação de graças. Portanto é uma oração leal, sincera e humilde, de modo que Jesus não condena o modo de rezar do fariseu. Porém ele comete um deslize que põe tudo a perder: é quando se coloca como juiz comparando-se com os outros: “Deus, eu te agradeço porque não sou como os outros, ... nem como este publicano”. Mais do que rezar ele faz uma contemplação de si mesmo. Conta sua história cheia de méritos, colocando-se superior aos outros. Para ele a oração não é um encontro com Deus. Ele sai do templo do mesmo jeito que entrou. 

O outro personagem é um publicano que exercia o trabalho de cobrar impostos, considerado aliado dos opressores, os romanos, e explorava os pobres, aumentando, de forma abusiva, os impostos e lucrando com isso. Os cobradores de impostos eram odiados e considerados pecadores da pior espécie. A sua postura demonstra o sentimento que carrega: fica à distância, não levanta os olhos, bate no peito e pede o perdão de Deus porque é um pecador. É uma oração de súplica, de desespero. 

Os dois homens unidos pelo mesmo desejo: rezar, encontrar-se com Deus. Porém cada um tem a própria imagem de Deus e seu modo de se relacionar com Ele. O fariseu destaca-se pela observância dos mandamentos e se orgulha disso. Para ele o importante é estar em ordem com Deus e ser o mais observante do que todos. O publicano, pelo contrário, abre-se ao Deus do amor revelado por Jesus: aprendeu a viver do perdão, sem se vangloriar de nada e sem condenar ninguém. Saiu dali justificado porque conseguiu acolher o amor de Deus. É a oração do pobre que confia totalmente em Deus.

A parábola revela muito de cada um de nós: nós somos aqueles dois homens; um e outro ao mesmo tempo, porque, como o publicano, somos pecadores e, como o fariseu, nos julgamos justos. Para voltarmos para casa justificados é necessário acreditar que a justiça vem pela fé, é dom de Deus, e é professando a fé que se chega à salvação (cf. Rm 10,10). Cremos e professamos com toda a força que tu és o Deus vivo que nos salvou em Jesus Cristo!

Hoje celebramos o “Dia Mundial das Missões”. A Igreja é missão” é o tema que anima a Campanha Missionária de 2022.  O tema está acompanhado da inspiração bíblica escolhida pelo Papa Francisco para o mês missionário: “Sereis minhas testemunhas” (At 1,8). Em 2022, a Campanha Missionária completa seus 50 anos de história, celebrada em todo o Brasil com a vivência do Ano Jubilar Missionário.

Dom João Carlos Seneme, css

Bispo de Toledo

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Dom João Carlos Seneme

Dom João Carlos Seneme é bispo da Diocese de Toledo. Novos conteúdos são publicados semanalmente.

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