Os estaduais não devem acabar, mas uma remodelagem é extremamente necessária


Foto: Toledo News

O calendário do futebol brasileiro é amplamente debatido todos os anos, e tal discussão é intensificada no início das temporadas com a realização dos campeonatos estaduais. Os torneios não têm mais a relevância que os destacavam até o início dos anos 2000.

Hoje em dia o estadual é utilizado para muitos testes nos elencos, desde esquemas táticos, até apostas para o time. O título não é tratado mais como algo relevante e muitos insinuam que a competição vale apenas para os times que saem perdedores.

Apesar da desglamourização desses campeonatos, alguns pontos ainda os fazem sobreviver. Por algum motivo os clássicos dos campeonatos estaduais são mais legais e carregam uma carga de rivalidade maior do que disputas locais em outras competições. Aliado a isso, os jogos decisivos em mata-mata também cativam o torcedor e a possibilidade de ganhar o título mais acessível do ano e em cima de um grande rival engrandecem as disputas.

O Paulistão, principal estadual do Brasil, ainda sobrevive no atual modelo e garante grande renda aos clubes com os direitos de transmissão, que inclusive rendem muito aos times do interior. A viabilidade econômica do Paulistão mantém os estaduais vivos, mesmo aqueles que estão longe de ser sucessos.

Mas vamos aos principais problemas dos estaduais. O grande desafio é o calendário apertado. A maior parte dos estaduais que contam com times de Série A tem entre 14 e 17 rodadas, algo que ocupa um espaço enorme nos compromissos da temporada e não são atrativos ao público.

A diminuição de jogos é uma necessidade e daria a oportunidade dos clubes organizarem pré-temporadas mais elaboradas para os treinamentos e aprimoramento físico, tático e técnico. Com mais tempo vago as datas FIFA poderiam ser respeitadas e os principais times poderiam fazer amistosos e expor suas marcas fora do país. 

Tudo isso seria maravilhoso! Mas como fazer isso, rentabilizando as competições economicamente, não matando as equipes do interior e garantindo modelos de competições atrativas e emocionantes?

É possível! Uma solução é colocar os times do interior que não possuem divisão nacional para atuar já no segundo semestre do ano anterior. Esses clubes teriam um calendário cheio e disputaram as fases iniciais dos torneios.

As equipes com divisão nacional poderiam entrar apenas nas fases decisivas. Seriam menos jogos, mas todos mais competitivos e com um caráter mais decisivo. Isso agregaria ao produto, pois a chance de partidas com maior qualidade serem realizadas aumentaria muito.

Estaduais enxutos e competitivos podem agregar a todos os envolvidos no futebol brasileiro. Ultimamente os mandatários do futebol pensam apenas na quantidade de jogos e esquecem-se da qualidade do jogo apresentado. Isso é muito importante e pode ser um chamariz para novos públicos, além de manter os amantes ainda mais tempo no ecossistema da modalidade.

Para uma ideia como essa sair do papel seria necessária a união de vários entes do futebol brasileiro, como clubes, federações estaduais e CBF, o que provavelmente não ocorrerá, pelo menos tão cedo.

* As informações contidas nos artigos de colunistas, não necessáriamente, expressam a opinião do Toledo News.

Kelvin Polasso

Kelvin Polasso é jornalista, formado em 2018 no Campus de Toledo do Centro Universitário FAG. Atualmente cursa marketing no Centro Universitário Uningá. No momento atua na área jornalística e tem experiência na cobertura de eventos esportivos em Toledo e no Paraná. Kelvin não esconde o seu amor, paixão e entusiasmo quando fala sobre esporte e também deixa evidente que torce pelo Grêmio, mas podem ficar tranquilos que quando houver alguma análise a sua ‘alma castelhana’ não irá pesar.

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