De Toledo para o mundo - Clube de Ciências do Colégio Estadual Jardim Porto Alegre proporciona reconhecimento e desenvolvimento aos alunos


Foto: Divulgação

Em meados de 2014, um Clube de Ciências surgiu no Colégio Estadual Jardim Porto Alegre. Com o tempo, esse clube foi conquistando seu espaço e, logo, diversos outros municípios, estados e países conheceram o nome do colégio e dos alunos que fazem parte dele.

Dionéia Schauren, a orientadora do Clube de Ciências do colégio, comenta que trazer o reconhecimento para o colégio é um motivo de orgulho para ela e para os alunos. "Quando se fala em feira de ciências, qualquer lugar do Brasil conhece o Colégio Estadual Jardim Porto Alegre. Eles sabem o que nós fazemos, eles conhecem o clube de ciências e reconhecem a capacidade da nossa cidade e estado, que representamos com muito orgulho”, disse.

Além disso, ela destaca que o surgimento e o desenvolvimento do clube pode mostrar que alunos de escola pública possuem uma grande competência. “Eu sempre falo que para os alunos que não existe orgulho maior do que levar o nome da nossa escola, da cidade, do estado e do nosso país para eventos de grandes proporções. Dizer que viemos de uma escola pública e do interior, que estamos fazendo pesquisas e que temos alunos excelentes é algo maravilhoso”, declara.

Schauren também fala sobre a transformação que a reputação do colégio teve. “Quando começamos a participar de eventos científicos, as pessoas olhavam pra nós e pensavam: nossa, vocês são uma escola estadual. Hoje nós somos referência para muitas instituições e lugares”, aponta.

Projetos em andamento

Atualmente, o clube conta com 18 projetos científicos em desenvolvimento, onde alguns deles tiveram seu início neste ano, 2021, e outros que são sequências de estudos começados nos anos anteriores.

Esse número não é maior por conta dos cuidados necessários contra a propagação do Novo Coronavírus (Covid-19), onde o número de alunos em sala teve que ser reduzido, assim como os horários disponíveis.

“Teve época que somente um ou dois alunos podiam ficar no laboratório. Às vezes nós ficávamos trabalhando por mais de 15 dias nesses projetos ou o aluno não ia para o colégio, mas o material do estudo ocupava o espaço, limitando o acesso para os outros”, complementa Schauren.

A Covid-19 afetou o clube, mas não o parou. Mesmo sem nenhuma nova turma em 2020, o clube conseguiu abrir novas turmas a partir do segundo semestre. Todas elas foram organizadas de modo onde o distanciamento social e a quantidade limite de alunos em sala fossem respeitadas, visando a segurança de todos.

“Por conta dos riscos, nós precisamos limitar o número de alunos. Acredito que, hoje, o clube tenha, aproximadamente, 50 integrantes. Anteriormente, nós éramos em uns 150.”, comunica Dionéia.

O futuro do clube e dos alunos já vem se mostrando promissor, visto que já existem planos para que novos projetos sejam iniciados, tanto pelos atuais alunos, quanto para os que vão ingressar na iniciativa. “Já estamos pensando nos novos projetos. Tenho alunos que já vieram me procurar, para, assim, poder desenvolver melhor as suas ideias e participar de premiações”, fala Schauren.

As dificuldades do clube e de quem faz parte dele

Algumas dificuldades se mantiveram desde o início do clube, como, por exemplo, a aquisição de recursos financeiros, que seriam destinados para a realização de experimentos, compra de itens para o laboratório e a participação em eventos. “Sempre que precisamos comprar alguma coisa ou investir em algo, enfrentamos uma nova luta”, comenta Schauren.

Schauren ainda explica que, diversas vezes, ela e os alunos fazem algum tipo de ação para poder arrecadar a verba necessária. “Precisamos nos virar, já fizemos rifas, vaquinhas, vendas de sorvetes, realizamos jantares, várias coisas para juntar o dinheiro necessário. Nossos alunos não possuem condição financeira de ficar custeando o projeto, eles são famílias normais como qualquer outra família de aluno de escola pública. A parte mais difícil do nosso dia a dia é a de conseguir dinheiro”, destaca.

Os custos para elaborar, desenvolver e exibir um projeto científico pode ser algo expressivo, o que torna o dinheiro um fator limitador. “Existem casos onde o trabalho do aluno ganha destaque e é convidado para fazer parte de um evento grande, mas os gastos para ir e ficar nessa premiação são relevantes. Às vezes, nós deixamos algumas oportunidades de lado por causa disso” manifesta Schauren.

Apesar das conquistas, o colégio e o clube não recebem um incentivo governamental para, de fato, abraçar esse mundo científico. Geralmente, os apoios que eles recebem vem por parte dos familiares e da direção do colégio.

 A história sendo escrita através dos alunos

Dioneia enxerga a pesquisa que esses jovens fazem como uma forma benéfica para o desenvolvimento deles e da sociedade, isso por conta desses alunos serem os futuros profissionais atuantes no mercado.

Schauren também acrescenta que, quando se realiza tais estudos, os envolvidos começam a entender a importância do conhecimento e da pesquisa em uma comunidade. “Mesmo sendo algo não tão rico como os projetos de universidades, eu penso que esse trabalho faz a diferença. Não somente na vida dessas crianças, mas também na sociedade de uma forma geral. Ver alguém tão jovem montar um trabalho científico e explicar aquilo, mesmo em épocas onde as pessoas são desvalorizadas ou desmotivadas a buscarem, a questionarem e a criticarem, é algo extremamente importante”.

Mestre Inspiradora

Recentemente, a orientadora do Clube de Ciências recebeu o prêmio de Mestre Inspiradora no 1º Prêmio de Incentivo ao Empreendedorismo Científico (1º PIEC). Esse reconhecimento foi dado para, assim como o próprio nome diz, alguém que serve de inspiração para os alunos.

Conforme o tempo foi passando e novos trabalhos foram realizados, Dioneia criou uma relação forte com seus alunos, onde serviu de inspiração para diversos deles. “Eu tenho alunos que fizeram parte do Clube de Ciências e já estão se formando na universidade. Ainda tenho o contato com muita gente, sempre estamos conversando e, às vezes, se encontrando”.

“Sempre soube da importância do clube na vida deles. As pesquisas, as atividades e o contato com os colegas conseguem ajudar nos momentos difíceis que todo adolestece passa. Fazer parte da vida deles e saber que eu fiz a diferença para eles é gratificante.” finaliza Schauren.

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