Quedas de energia no interior motivam criação de Grupo de Trabalho em Toledo


Foto: Divulgação
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Os sucessivos episódios de oscilações e interrupções no fornecimento de energia elétrica, especialmente em propriedades rurais de Toledo, motivaram uma reunião na tarde desta segunda-feira (17), na Sala de Reuniões do Gabinete do Prefeito. Produtores relatam prejuízos milionários decorrentes da instabilidade no serviço, quadro que levou diferentes instituições a debater medidas emergenciais e estruturais para reduzir o problema.

Pela administração municipal, participaram do debate o prefeito em exercício, Lucio De Marchi; o chefe de Gabinete, Reinaldo Sales; o procurador-geral do município, João Carlos Poletto; e os secretários Fabio Leal Oliveira (Infraestrutura Rural e Urbana e Serviços Públicos) e Luiz Carlos Bombardelli (Agricultura e Proteína Animal), acompanhado pela diretora de Desenvolvimento Agropecuário e Abastecimento, Daliana Hisako Uemura Lima. A Secretaria do Meio Ambiente foi representada pelo coordenador de Recuperação de Áreas Degradadas, Vinicius Fernandes Apolinário.

Também estiveram presentes a engenheira florestal Micheli Horbach, do escritório regional do Instituto Água e Terra (IAT), e o promotor Giovani Ferri, titular da 3ª Promotoria de Justiça da Comarca de Toledo do Ministério Público do Paraná (MPPR) – acompanhado da assistente de promotoria, Julia Pacheco. Representando o setor produtivo, marcaram presença o presidente do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Toledo (STR), Genuir Nodari, acompanhado do secretário-geral Ademir Bedin, e o vice-presidente técnico da Associação Regional de Suinocultores do Oeste (Assuinoeste), Edson Pacheco.

Pela Companhia Paranaense de Energia (Copel), participaram da conversa o gerente da base em Toledo, Hemerson Orcesi, e a agente de relacionamento com o poder público, Kelly de Lima. Ambos foram convidados pelo ex-prefeito de Toledo e assessor regional do deputado estadual Hussein Bakri, Derli Donin, também presente ao encontro.

Plano de ação

Produtores relataram dificuldades recorrentes, com falhas e quedas de energia que afetam especialmente sistemas automatizados de suinocultura, pecuária leiteira, piscicultura e avicultura. Representantes da Copel reconheceram os transtornos e atribuíram grande parte das ocorrências à queda de árvores ou galhos sobre a rede.

Segundo os representantes da Copel, conforme a Lei Estadual nº 20.081/2019, conhecida como “Lei da Faixa Limpa”, cabe aos proprietários rurais realizar a retirada da vegetação em excesso. Porém, este procedimento deve ser comunicado previamente à concessionária, que precisa fazer o desligamento temporário para evitar acidentes.

Diante do cenário, foi proposta a criação de um grupo de trabalho para organizar uma resposta conjunta. A primeira reunião será realizada na próxima semana, quando Prefeitura de Toledo e Copel apresentarão um levantamento dos pontos mais críticos, onde há risco iminente de queda de vegetação sobre a fiação.

A partir do mapeamento, será elaborado um plano de ação para podas assertivas de galhos e ramagens que interferem na rede elétrica. Com base nesse diagnóstico, será montada uma força-tarefa envolvendo diferentes órgãos públicos para a execução da supressão de vegetação nos trechos identificados, operação que, segundo a engenheira florestal do IAT, é permitida desde que não promovam podas drásticas.

Na sequência, os protocolos de atendimento – tanto para situações emergenciais quanto para serviços previamente agendados – serão revisados, definindo responsabilidades e fluxos de comunicação entre produtores, poder público e a Copel. Enquanto os ajustes estruturais avançam, as instituições envolvidas intensificarão a orientação a produtores rurais sobre suas atribuições legais e operacionais no manejo de vegetação que possa atingir a rede.

Avaliações 

O prefeito em exercício avaliou que o encontro marcou o início de uma resposta conjunta a um problema que afeta diretamente o agronegócio local. “A Copel tem um bom nome ainda perante a população, mas caiu muito a qualidade dos serviços nos últimos tempos. Isso nos preocupa porque as propriedades rurais de Toledo, a Capital do Agronegócio do Paraná, têm uma dependência muito grande da energia elétrica, que é um fator primordial para a nossa produtividade”, analisa De Marchi, que também agradeceu a participação dos envolvidos. “É um debate importante, sobre um assunto grave, e este encontro foi fundamental para darmos os primeiros passos rumo à solução deste problema”, acrescenta.

De acordo com o promotor, a instabilidade no fornecimento de energia não pode ser atribuída unicamente a problemas relacionados à arborização “É preciso desmistificar esta questão, pois existem outras causas que contribuem para as falhas no serviço e que a elaboração de um plano de ação para supressão de vegetação que pode cair sobre a fiação elétrica é essencial para identificar pontos críticos”, pontua Ferri. “Atendidos os critérios técnicos, não cabe ao MP ou ao IAT dizer para a Copel ou a Prefeitura de Toledo que não se pode fazer poda de árvores que comprometam o fornecimento de energia”, ressalta.

O secretário de Agricultura e Proteína Animal afirmou que a reunião buscou organizar uma resposta coordenada diante do impacto que a instabilidade elétrica causa no agronegócio local.”Sabemos o quanto é difícil um produtor de aves, de suínos, de leite e de peixe ficar horas e, às vezes, dias sem energia. Isso tem um custo muito alto e principalmente um risco de perda de animais”, alerta Bombardelli. “Este encontro reuniu órgãos públicos e entidades produtivas com o objetivo de construir um plano de ação para resolver problemas relacionados à poda e ao corte de árvores próximas à rede elétrica, lembrando que a legislação atual atribui essa responsabilidade ao produtor, mas que o município quer evitar intervenções improvisadas e sem segurança”, acrescenta.

Segundo Derli Donin, a mobilização proposta nasce da necessidade de transformar as reclamações recorrentes do interior em um processo organizado de solução. “Os setores do município estão extremamente interessados em discutir esse processo da energia no interior. Devemos sair da retórica da palavra, do discurso, e partir para a ação”, sublinha o assessor parlamentar.

O presidente do STR observa que o encontro marcou um avanço necessário diante das dificuldades que o setor agrícola enfrenta com a instabilidade no fornecimento de energia. “É um problema bem sério que nós temos no município de Toledo, principalmente na agricultura que precisa muito da energia nos dias de hoje, mas foi uma reunião muito produtiva na qual foram criados alguns caminhos para resolver esse problema”, avalia Nodari. “A vegetação que interfere na rede é um dos fatores, mas não o único, e que o trabalho iniciado permitirá enfrentar gradualmente o problema, sobretudo a partir do momento em que os produtores tiverem clareza sobre suas responsabilidades e que todo o processo seguirá orientação técnica e autorização da Copel”, salienta.

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